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Nos dias de hoje, o que você acredita que pode ser o segredo para a gestão de equipes de sucesso?
Essa foi a questão central para que em 2011 a Google tomasse a iniciativa de estudar as suas equipes a fim de encontrar a “fórmula mágica” para a criação de times de sucesso a partir do Projeto Aristóteles.
O que são equipes?
Para chegar a uma interpretação sem ruídos, a equipe responsável pelo estudo definiu o que seria um time ou equipe. Para o Projeto, um time ou equipe seriam a reunião pessoas que trabalham juntas, planejam ações, resolvem problemas, tomam decisões e avaliam seus progressos e onde os indivíduos são interdependentes.
No Projeto Aristóteles as equipes eram formadas por 3 a 50 indivíduos. Foram identificados 180 equipes — 115 de engenharia e 65 de vendas.
Mensurando o sucesso das equipes
Em um segundo momento, o propósito era definir como a performance dos times poderia ser mensurada. O parâmetro para definir o sucesso abrangeria quatro diferentes perspectivas:
- avaliação executiva da equipe;
- avaliação do líder;
- avaliação dos membros do time;
- desempenho de vendas do trimestre.
O Projeto Aristóteles
Para descobrir o as características de um time de alta performance, as ideias foram todas retiradas das pesquisas científicas analisadas previamente e da experiência da Google.
Em seguida, foram realizadas entrevistas duplamente cegas com os líderes, a fim de entender o que eles consideravam que era imprescindível para chegar à eficácia.
Alguns dos itens utilizados no estudo foram:
- dinâmica de grupo: o indivíduo se sente seguro para expressar opiniões divergentes às da equipe;
- conjunto de habilidades: o profissional considera ser bom em ultrapassar obstáculos e desafios;
- traços de personalidade: a pessoa se vê como confiável;
- inteligência emocional: o talento ignora os problemas de outras pessoas.
Observações e Resultados obtidos
Inicialmente, como era de se esperar, havia quase um consenso entre a alta gestão de que os melhores times eram aqueles que conseguiam reunir as pessoas mais brilhantes.
Entretanto, após coletas de dados e análises métricas foi observado que não havia correlação entre o sucesso analisado pela perspectiva individual e o sucesso de um time.
Além disso, não era percebida nenhuma correlação entre personalidades e a interação entre elas que fosse necessariamente a equação do sucesso.
Segundo Abeer Dubey, o líder do projeto, os dados obtidos não expressavam nada de relevante para a pesquisa:
” Nós olhamos para 180 equipes de toda a empresa, tivemos grandes quantidades de dados, mas não havia nada que comprovasse que personalidades ou habilidades dos integrantes faziam qualquer diferença para compor uma equipe de sucesso. “
Dentre os melhores times da Google eram observados uma grande variedade de padrões comportamentais e interações entre os indivíduos, o que fez com que a descoberta do segredo do time perfeito parecesse um ideal inalcançável.
Eram observados, por exemplo, times de sucesso onde todos os seus integrantes se consideravam amigos e costumavam socializar e fortalecer redes além dos limites do trabalho.
Outros grupos tinham seus integrantes como quase estranhos fora das relações do trabalho.
Existiam aqueles grupos onde os gestores eram mais forte e outros grupos ainda em que a hierarquia era flexível.
Enquanto continuavam estudando os grupos, os pesquisadores se interessaram também pelos valores dos grupos: as normas não escritas mas que mesmo assim os integrantes dos grupos seguiam.
Os grupos funcionam de forma diferente de seus integrantes individuais e, por isso, foi notado a partir das pesquisas e entrevistas realizadas que as tendências individuais quando substituídas pelas tendências grupais criavam uma cultura de equipe e nesta cultura poderia morar o segredo para o time perfeito, o objetivo do Projeto Aristóteles.
Foco na cultura do grupo: o segredo da equipe perfeita
Com o aprofundamento das análises sobre a cultura dos grupos foi observado que mesmo em grupo aparentemente diferentes, era possível observar padrões culturais responsáveis pela criação de equipes de alta performance.
- Segurança Psicológica: Segundo o pesquisador Amy Edmondson, a segurança psicológica da equipe envolve uma confiança entre as pessoas, embora vá além disso; ela diz respeito à cultura, ao próprio clima da equipe. Em ambientes que promovem segurança psicológica, as pessoas se sentem confortáveis exercendo a autoexpressão.
- Confiabilidade: Trata-se da confiança no próprio time de que ele atingirá a alta performance e fará suas entregas a tempo.
- Estrutura e Clareza: Trata-se da garantia de que todos os indivíduos conhecem seus respectivos papéis, o que é esperado deles e quais processos devem ser utilizados para atingir as metas definidas.
- Significado: Ocorre quando há um senso de propósito tanto individual quanto compartilhado no coletivo.
- Impacto: Quando há percepção de que o trabalho exercido é importante para a Organização.
Conclusão
O que se pode tirar do Projeto Aristóteles é que a otimização de times tem mais relação com o relacionamento interpessoal do que com características individuais. Os times de alta performance não precisam ter, necessariamente, os integrantes que possuam personalidades parecidas ou gostos pessoais similares, do mesmo modo que a melhor equipe não precisa ser composta pelos indivíduos de maior Q.I.
A cultura de uma equipe é o que faz com que o resultado de seus esforços atinjam a alta performance e só uma cultura que ofereça segurança psicológica, confiabilidade, estrutura e clareza, significado e impacto pode chegar aos melhores resultados.